O Sauim
O Sauim
O sauim-de-coleira também é conhecido como Sauim-de-Manaus, sauim ou soim. Ele é o mascote oficial da cidade de Manaus e um dos primatas mais ameaçados de extinção no mundo. Para a ciência, é conhecido como Saguinus bicolor, membro da família Callitrichidae. O adulto pesa entre 450 e 550g, tem o corpo alongado (28 a 32 cm) e parece ainda mais longo devido à cauda fina e não preênsil (38 a 42 cm), que proporciona um maior equilíbrio nos deslocamento e saltos ágeis, por entre as ramagens das árvores. Já os dedos compridos e com garras lhe conferem grande segurança ao se deslocar pelos troncos.
Entretanto, as características mais marcantes da espécie, estão na sua cabeça, face e orelhas, quase sem pelos e de coloração preta. Em contraste, na região do pescoço, membros superiores e tórax a pelagem é branca, enquanto no restante do corpo os pelos variam de marrom-alaranjado a marrom-escuro. Essa coloração é tão marcante que está expressa tanto no seu nome científico “bicolor” quanto no popular, já que a “coleira”, seria uma referência a essa faixa branca.


Distribuição Geográfica
É uma espécie endêmica do estado do Amazonas – Brasil. Sua distribuição geográfica é restrita, ocupando cerca de 8.353 km² em partes dos municípios de Manaus, Rio Preto da Eva e Itacoatiara. Esta é uma das menores áreas de distribuição geográfica conhecidas, entre os primatas brasileiros.
Ecologia
São animais diurnos, arborícolas e habitantes dos patamares médios e inferiores da floresta. Vivem tanto em floresta primária (preservada) como secundária (alterada pelo homem), em grupos de 2 a 13 indivíduos, formados por um casal reprodutor dominante, seus filhotes de idades diferentes e alguns “agregados”, oriundos de outras famílias da região.
Os grupos de sauins são territoriais, vivendo e defendendo uma área de até 100 hectares. Geralmente, uma vez ao ano, a fêmea dá à luz a gêmeos não idênticos, após uma gestação de até 195 dias. Os nascimentos ocorrem nos meses mais chuvosos (dezembro e janeiro), quando existe uma maior disponibilidade de seus alimentos favoritos, como frutos, insetos, pequenos vertebrados, ovos de aves, goma de árvores e até néctar e flores. Essa fartura, facilita a criação dos filhotes. Todos os membros adultos do grupo participam ativamente da criação, carregando e cuidando dos pequenos.
Para dormir, o grupo prefere pernoitar em emaranhados de cipós, no alto das árvores ou na base de folhas de palmeiras.

Importância
Os sauins-de-coleira desempenham importantes papeis ecológicos. Além de integrarem a cadeia alimentar, como presas e como predadores, são plantadores de florestas. Boa parte da dieta dos sauins é constituída por frutos pequenos, engolidos com as sementes junto com a polpa. Ao passarem (ilesas) pelo trato digestivo, as sementes saem nas fezes, prontas para germinar. Esse papel ainda vai mais longe. Considerando que os sauins estão adaptados para transitar entre floresta primária (preservada) e secundária (alterada pelo homem), eles geram um fluxo de sementes entre elas, influenciando a estruturação e a regeneração dos ecossistemas florestais.
O sauim também desperta a simpatia da sociedade por ser uma espécie carismática e ameaçada de extinção. Assim, ao chamar a atenção para sua conservação, contribui para a conservação do ecossistema como um todo, o que inclui milhares de outras espécies de seres vivos. Ou seja, protegendo o sauim, ganha a espécie e ganha a natureza como um todo.

Ameaças
A principal causa do declínio populacional do sauim-de-coleira é a destruição de seu habitat, causado pelo desmatamento e fragmentação das florestas, devido ao crescimento desordenado das áreas urbanas e rurais da região de Manaus, Rio Preto da Eva e Itacoatiara. Isso vem reduzindo a extensão do habitat para a espécie, isolando parte da população em manchas de ecossistemas, cercadas por ocupações humanas e diminuindo o fluxo gênico entre elas, inviabilizando a sua sobrevivência a longo prazo. Agravando esse cenário, muitos sauins, para sobreviverem, se veem impelidos a se deslocarem entre fragmentos, em busca de abrigo e alimento. E assim, muitos acabam vitimados por atropelamentos, eletrocussões e ataques de cães.
Outro problema, é que a sua já pequena área de ocorrência vem sendo ocupada por outro primata – o sauim-da-mão-dourada (Saguinus midas) – com evidência de hibridização.
A situação é tão grave que estudos recentes fazem uma projeção da redução populacional da espécie de 80% ou mais, nos próximos 18 anos, como resultado das ameaças mencionadas acima. Diante desse cenário dramático, o sauim foi categorizado nacional e internacionalmente como CRITICAMENTE EM PERIGO de extinção (CR). Essa é a categoria na qual as espécies enfrentam o mais alto risco de extinção na natureza.
As perspectivas são tão desafiadoras que a espécie foi incluída na lista internacional dos “25 Primatas mais Ameaçados do Mundo” (em preparação), elaborada pela IUCN SSC Primate Specialist Group e instituições parceiras.







Comunicação
Como em todas as espécies animais altamente sociais, para os sauins a comunicação visual, olfativa e vocal são muito importantes. Por meio delas, transmitem diversas informações aos membros de seu grupo, a outros indivíduos de sua espécie ou aos demais animais.
A comunicação visual inclui um repertório de expressões faciais e posturais sofisticado. Por exemplo, mover a língua rapidamente, fora da boca, significa agressividade.
Já a olfativa é quase como “ler um cheiro” deixado por outro animal. São sinais de cheiro secretados por glândulas odoríferas, na região circungenital, suprapúbica e do esterno. Os sauins esfregam essas partes em galhos, para deixar sua marca e geralmente as empregam na demarcação do território e percursos a serem utilizados pelo grupo..
Quanto ao repertório vocal, esse é bem complexo e inclui silvos, chilreados e trinados, normalmente empregados para alertar perigos, manter o grupo coeso e reafirmar a posse do território.
O som ao lado é uma das vocalizações emitidas pelo sauim. Também é conhecido como “chamado longo”, geralmente emitido por um adulto para defesa territorial.
